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A · Corporate body · 1707-00-00 a -

A Mesa da Irmandade dos Clérigos do Porto constituía o sector central de administração e gestão do funcionamento da Irmandade. Este órgão tinha a competência base de administrar a Irmandade, o que se reflectia em diversas valências, tais como: criação de regulamentos gerais e internos para o bom regime da Irmandade; admissão e expulsão de Irmãos; nomeação e despedimento de empregados; aplicação de multas e penalidades; distribuição dos cargos pelos Deputados, segundo as habilitações específicas de cada um; assim como pela administração de bens, nomeadamente dos legados, e organização económica e contabilística da Irmandade.
Os membros da Mesa eram eleitos de entre todos os Irmãos suis juris do sexo masculino - com excepção dos devedores à Irmandade e seus fiadores, dos membros de uma Mesa anterior dissolvida pela autoridade superior e membros que fossem parentes até ao segundo grau - para desempenho dos seguintes cargos: Presidente; Vice-Presidente; Secretário; Ex-Secretário; Tesoureiro; e deputados.
O cargo de Presidente era preferencialmente ocupado pelo Bispo da cidade do Porto, no caso deste pertencer à Irmandade e ter disponibilidade para desempenhar a função. Quando tal não se verificava, o cargo deveria ser ocupado por um eclesiástico presbítero de reconhecida virtude, probidade e ciência e que tivesse sido admitido na Irmandade pelo menos cinco anos antes da eleição. A função principal do Presidente era a de exercer a inspecção sobre toda a Irmandade e seus funcionários, no governo administrativo e económico. Para tal devia obrigar todos os Irmãos ao cumprimento dos Estatutos; zelar pelo cuidado no culto divino; presidir os acompanhamentos, enterros e actos processionais; assim como mandar nomear uma comissão para assistir aos enterros dos Irmãos, quando estes se realizavam fora da Igreja dos Clérigos; mandar subsidiar por conta da Irmandade os Irmãos e clérigos pobres; assinar todos os documentos e livros que necessitassem da sua assinatura; e presidir a todas as Mesas, Definitórios, Juntas e Assembleias da instituição. A partir dos Estatutos de 1871, o cargo de Presidente passou a ser coadjuvado nas suas funções pelo Vice-Presidente, que o deveria substituir nos seus impedimentos.
O cargo de Secretário deveria ser desempenhado por um Irmão sacerdote, residente no Porto ou subúrbios, com serviços prestados como Deputado da Mesa e com um mínimo de quatro anos de serviço à Irmandade antes da eleição. Este cargo é verdadeiramente central no que diz respeito à produção documental da Irmandade, pois o Secretário estava encarregado de toda a escrituração, da qual se destacam: os termos de entradas e juramentos dos Irmãos admitidos; listas de Irmãos para diversos fins; redacção e preparação das tabelas, pautas e listas utilizadas na Sacristia; registar num rol todas as heranças, legados e testamentos em incumprimento; assim como elaborar um rol de pleitos e demandas pendentes. O Secretário deveria ainda tratar do expediente da Mesa, assim como actualizar os inventários da Igreja, Sacristia, Enfermaria e Capela de Nossa Senhora da Lapa; escrever as cédulas através das quais o Tesoureiro procedia aos pagamentos e manter um registo actualizado de todos os acontecimentos que lhe parecessem dignos de nota e relevantes para a posterioridade, num livro de Memórias Históricas da Irmandade. Esta pluralidade de funções - que incluíam igualmente competências de administração e guarda do cofre e de responsabilidade sobre as esmolas de entrada, anuais, multas e dívidas - tornou imprescindível a existência de cargos auxiliares do Secretário, através das figuras do Ex-Secretário e do Cartorário. O Ex-Secretário - posteriormente designado de Vice-Secretário - tinha as funções de fornecer informações relativas a assuntos pendentes da Mesa anterior; garantir o retorno de documentação em falta; auxiliar e substituir o Secretário; e garantir a organização e segurança da Casa da Secretaria. O Cartorário, por sua vez, era um funcionário remunerado, que deveria auxiliar o Secretário em todas as suas funções a troco de uma gratificação.
O cargo de Tesoureiro deveria ser desempenhado por um Irmão secular da Irmandade, com bens próprios consideráveis e ser uma pessoa de comprovada probidade. Este funcionário tinha as seguintes competências: realizar os pagamentos de acordo com as cédulas escritas pelo Secretário e assinadas pelo Presidente; recolher cuidadosamente todo o dinheiro que estivesse fora e cobrar todas as dívidas; receber os produtos resultantes das arrematações; aplicar as cobranças das dívidas, foros e pensões devidas à Irmandade; pagar as despesas ordenadas pelo Presidente e Secretário e prestar contas à Mesa quando este órgão administrativo o solicitasse.
Os Deputados da Mesa, geralmente em número de seis (três vogais e três suplentes), deviam ser constituídos por Irmãos eclesiásticos e seculares, de posses e terem sido admitidos com um mínimo de três anos antes da eleição, uma vez que a antiguidade na Irmandade era a base de precedência entre os Deputados. De entre este grupo, no período inicial de funcionamento da Irmandade, destacava-se o Primeiro Deputado, que tinha a competência de substituir o Presidente nos seus impedimentos. Os mesários deveriam assistir a todas as sessões da Mesa, Definitório, Junta e Assembleia – das quais deveriam manter devido sigilo acerca dos assuntos discutidos –, assim como participar em todos os actos de culto público da Irmandade. Este grupo desempenhava ainda funções específicas ao integrar comissões encarregadas pelo Presidente ou Mesa e no desempenho de cargos na Irmandade, nomeadamente no caso do Hospital.
Devido às competências da Mesa e dos cargos que a constituem, esta secção engloba um conjunto muito diversificado de documentação relativa à origem e história da Irmandade dos Clérigos, aos membros que a constituem e à gestão e funcionamento da mesma. Entre a documentação incluída nesta secção, encontram-se unidades e séries documentais constituídas por textos regulamentares; actas e termos dos órgãos de gestão; livros de registo da entrada, expulsão e óbito dos Irmãos; registos de aplicação de penalidades e multas; pautas de serviço religioso e de assistência aos clérigos pobres e doentes; registos de correspondência e de requerimentos dirigidos à Mesa. A documentação representa também uma forte vertente de constituição e administração do património, através de livros de contabilidade geral; guias e mandados de pagamento; documentação relativa a casas arrendadas e a legados; registo de despesas e decisões relativas à construção, obras e manutenção do edifício da Irmandade e ainda documentação relacionada com os diversos pleitos e processos contenciosos. Foi igualmente incluída nesta secção alguma documentação produzida em virtude das competências de órgãos de gestão que foram extintos ao longo da história da Irmandade. É o caso, por exemplo, dos Termos e Actas do Definitório, órgão consultivo que já não surge em vigor nos Estatutos da Irmandade de 1940.

Acácio Ferreira Catarino
AFC · Person · 1935-2021

Acácio Catarino (Acácio Ferreira Catarino) nasceu na Benedita (Alcobaça, Distrito de Leira) em 1935. Foi presidente da Cáritas Portuguesa entre 1982 e 1999. Diplomado em Política Social, pelo Instituto de Estudos Sociais (IES), antecessor do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), onde viria a concluir a licenciatura em Sociologia. Em ambas as instituições, ensinaria Economia do Trabalho, e, já nos anos 1990, Administração Social, no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, e Serviço Social e Desenvolvimento Local, na Universidade Católica Portuguesa. Depois de empregos de curta duração (Obra do Ardina, CTT e na Caixa Geral de Depósitos), no final da década de 1950, foi admitido como aspirante e, depois, como 3.º oficial na Direção-Geral da Contabilidade Pública (1961-1965). Em 1965, ingressa no Ministério das Corporações (posteriormente Ministério do Trabalho), onde fará a sua carreira profissional (no Ministério da Educação, foi membro da Equipa-Piloto para o Planeamento da Investigação Científica e Técnica em Relação com o Desenvolvimento Económico, 1966-1968). No Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra (1965-1971), no Serviço Nacional de Emprego (1971-1974), onde foi diretor-adjunto e diretor-interino, na Direção-Geral de Promoção do Emprego (1974-1978), onde ascendeu ao posto de assessor principal. Em 1978 é diretor de serviços de Promoção de Emprego; de 1983 a 1991 é, primeiro, vice-presidente e, depois, presidente da Comissão Interministerial para o Emprego; de 1991 a 1993, diretor-geral do Emprego e Formação Profissional; entre 1993 e 1994, preside à Comissão Executiva do Instituto do Emprego e Formação Profissional. Representou o Ministério do Trabalho em sessões da Conferência Internacional do Trabalho (da Organização Internacional do Trabalho, da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), na Comissão Europeia. A sua atividade política, em funções executivas, começou logo após 1974, como chefe de Gabinete do Ministro dos Assuntos Sociais (Mário Murteira), do I Governo Provisório, chefiado por Palma Carlos. Em 1978, seria nomeado secretário de Estado da População e Emprego, no Governo de Nobre da Costa. Entre 2001 e 2006, seria consultor da Casa Civil do Presidente da República, Jorge Sampaio. A sua carreira cívica é vasta, abrangendo diversas organizações, em muitos casos com cargos nos corpos sociais: Associação Barafunda, Instituto Nossa Senhora da Encarnação – Cooperativa de Ensino e Cultura (ambos na Benedita), Centro de Educação Especial, Reabilitação e Integração de Alcobaça, Santa Casa da Misericórdia da Amadora, Fundação João XXXIII (Ribamar, Lourinhã), Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, Santa Casa da Misericórdia de Benedita, Comissão Nacional Justiça e Paz, Centro de Estudos da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade. Presidiu à Comissão Coordenadora Nacional das Semanas Sociais, desde 1991. Colaborou no Jornal de Notícias e em diferentes títulos da imprensa regional, sobretudo em O Almonda (Torres Novas), Correio do Vouga (Aveiro), Distrito de Portalegre, Alcoa (Alcobaça) e Grito Rural. Dispersas, as suas publicações abrangem problemas do emprego, educação, formação, desenvolvimento, segurança social, voluntariado ou ação social e pastoral social.

António Ferreira Gomes1
AFG · Person · 1906-05-10 - 1989-04-13

António Ferreira Gomes nasceu em 1906-05-10 na freguesia de Milhundos, concelho de Penafiel, filho de Manuel Ferreira e Albina Rosa de Jesus, ambos agricultores e residentes do lugar de Quintela. Sendo o quarto de um total de 10 filhos pelo referido casal sendo os seus irmãos e irmãs:
• Maria da Glória (1902-05-31 - 1987-06-12)
• Jorge (1903-03-05 - 1961-11-02)
• Emília (1904-11-06 - 1982-07-06)
• Inês (1908-01-21 - 1990-03-04)
• Inácio (1909-11-28 - 1964-11-08)
• Maria Antónia (1911-05-15 - 1991-08-18)
• Agostinho (1915-05-28 - 1939-02-19)
• Joaquim Ferreira Gomes
• Alberto Ferreira Gomes
Em 1916-10-16 ingressou nos estudos religiosos, por influência do seu tio o cónego Joaquim Ferreira Gomes, no Seminário de Nossa Senhora da Conceição (Porto) tendo concluindo esses estudos em 1925; segue-se a matrícula na Universidade Gregoriana Roma para frequentar o curso de Filosofia que conclui em 1928. Nesse mesmo ano ocorreu a sua ordenação sacerdotal como presbítero no dia 9 de Setembro na Torre de Marca (Porto), cerimónia presidida pelo António Barbosa Leão – bispo do Porto.
Também no ano 1928 foi nomeado prefeito e director de disciplina no Seminário de Vilar (Porto), função que desempenhou durante 8 anos até ser nomeado cónego da Sé do Porto em Janeiro 1936; continua a desempenhar funções pedagógicas no Seminário do Vilar como professor de Filosofia e como Vice-Reitor dessa instituição religiosa.
A sua progressão clerical irá alterar-se com a notícia da nomeação de António Ferreira Gomes para o cargo Bispo Coadjutor de Portalegre, com direito a sucessão e Bispo Titular de Rhandus em 1948-01-15; sendo a sua ordenação episcopal realizada na Sé do Porto presidida pelo Agostinho de Jesus e Sousa – Bispo do Porto, Manuel Maria Ferreira da Silva – bispo titular de Gurza e por D. António Valente da Fonseca.
Deu entrada na sua diocese em 1948-05-29 e sucedeu como bispo de Portalegre em 1948-06-06 pelo óbito do seu antecessor D. Domingos Frutuoso.
O seu episcopado na diocese de Portalegre será relativamente curto, sensivelmente quatro anos, todavia foi neste cargo em que se manifestou a sua preocupação pela condição socioeconómica precária dos trabalhadores rurais portugueses. Para combater essa situação planeia a fundação de uma associação agrária com o objetivo de difundir a doutrina social da igreja e procurar combater as lacunas matérias e morais da população da sua diocese.
Na implementação deste projecto participam duas figuras: José Pequito Rebelo – engenheiro e proprietário agrário do Alentejo que sugere a implementação dessa associação abrangesse as dioceses de Beja e Évora para além de Portalegre, proposta que António Ferreira Gomes rejeita; e a outra figura é a de Nuno Vaz Pinto – engenheiro que promove a implementação da associação canónica “Acção Social Agrária” em 1951; outra associação será patrocinada por António Ferreira Gomes com a criação da “Fraternidade Operária” em 1951-04-08.
O seu episcopado em Portalegre terminou em 1952-07-13 quando é nomeado bispo do Porto; Toma posse por procuração a 14 de Setembro do mesmo ano e entra na diocese do Porto 1952-10-12, uma vez que continuou como Administrador Apostólico de Portalegre até à tomada de posse do sucessor, D. Agostinho Lopes de Moura, a 2 de Maio de 1953.
O seu episcopado na diocese do Porto será o mais célebre devido ao seu exílio em 1958-10-18, mas foi precedido por acontecimentos que demarcavam António Ferreira Gomes como um não apoiante da ditadura do Presidente do Conselho Ministros António Oliveira de Salazar e opositor da implementação do comunismo em Portugal.
Em 1954-01-25 promoveu uma manifestação a propósito da perseguição religiosa dos católicos na Europa de Leste; manifestação essa que foi criticada por 2 membros Movimento Nacional Democrático: Rui Luís Gomes e Virgínia Moura – membros do Partido Comunista Português.
Entre 1954 e 1955 tenta em vão que o episcopado português se manifeste publicamente, através duma pastoral relativa às condições sócio económicas dos trabalhadores portugueses (Pinho, 2004, p. 15)
Em Março 1956, por ocasião da implementação do “Movimento por um Mundo Melhor na Diocese”, publica um texto reflectindo sobre a doutrina social da Igreja e defendendo a “…justiça e…liberdade como fulcros da personalidade humana.” (Pinho, 2004, p. 11)
No ano de 1958 profere a homília “Lucro e os direitos humanos, contra o capitalismo” e por último a “Carta a Salazar” datada a 1958-07-13, que foi divulgada na imprensa sem o seu consentimento, na qual crítica o corporativismo português, bem como o Estatuto do Trabalho Nacional afirmando que ambos não tinham como base no “…direito natural, nem na moral católica…”(Pinho, 2004, p. 19)
Este documento causou grande impacto na imprensa, magnificado pelo facto aparecer publicamente durante a campanha do general Humberto Delgado à Presidência da República.
Em 1959 António Oliveira Salazar solicita expressamente a exoneração de António Ferreira Gomes da diocese do Porto à Santa Sé (Barreto, 1998, p. 24), pedido que foi negado, mas foi alcançado a retirada do bispo do Porto do território nacional em 1959-07-24 e sendo impedido de retornar à sua diocese em 1959-10-18 (Barreto, 2019, p. 1)
Começa então o seu exílio em Vigo, de seguida em Santiago de Compostela e depois fixa-se Valência entre os anos 1959 - 1963-12-04, para após a segunda sessão do Concílio Vaticano II mudar a sua residência para Beuel na Alemanha fixando-se lá entre Dezembro de 1963 e Dezembro 1964 (Pinho, 2004, p. 19)
A última etapa do seu exílio ocorreu em Lourdes – França onde se fixou entre Dezembro 1964 e Fevereiro 1969; após esta data deslocou-se para Espanha junto da fronteira portuguesa aguardando a autorização para o retorna à sua diocese que foi concedida em 1969-06-18 pelo presidente Marcello Caetano (Pinho, 2004, p. 26) retornando à sua diocese 1969-06-19.
Durante o seu exílio destaca-se o seu trabalho pastoral ao serviço das diversas dioceses que o albergaram, com uma particular nota sobre o seu serviço pastoral aos imigrantes portugueses em França durante a sua estadia em Lourdes.
Destaca-se também a sua participação no Concílio Vaticano II em Roma, como membro da Comissão dos Seminários e Estudos, participa na aula conciliar com intervenções de interesse, relativas ao esquema dos bispos, do ecumenismo, da Igreja no mundo e da liberdade religiosa entre 1963-1965 (Fundação SPES - Breve Perfil Biográfico)
Regressado do exílio não deixou de ser alvo de controvérsias nem de expressar o seu pensamento publicamente, como por exemplo: presença e defesa no julgamento do Mário Pais de Oliveira – padre nos dias 7 e 8 de Janeiro de 1971, em 1972 proclama a homilia “O ministério sacerdotal e a paz” relativo à legitimidade dos capelães militares, como um corpo militar e não exclusivamente religioso, foi acusado de denegrir os capelães militares e as Forças Armadas Portuguesas em geral por parte de alguma imprensa e de políticos na Assembleia Nacional (Pinho, 2004, p. 29-30)
No ano de 1973 crítica o prolongamento da guerra colonial em Portugal (Pinho, 2004, p. 30) e numa conferência em 1974 discursa na conferência “Os direitos do Homem na tradição portuguesa antiga” em Coimbra no dia 22 de Março
A revolução 25 de Abril de 1974 não pára a produção literária e os discursos de António Ferreira Gomes, no pós 25 de Abril defende que a Igreja Católica e o novo estado democrático deveria ser independentes entre si como afirma “…Igreja livre no Estado livre…”(Pinho, 2004, p. 32)
Em 1975 apela pela reconciliação entre os portugueses uma vez que espectro da guerra civil parecia iminente; em 1977-01-20, numa carta à Comissão Diocesana Justiça e Paz, crítica o espírito vingativo que os antigos membros da antiga PIDE/DGS estavam a ser julgados afirmando “Tais exigências, além de serem decerto ilegítimas e inviáveis em processo penal, não poderiam senão conduzir à injustiça e ao absurdo. Julgar o regime nos homens da PIDE, mas só neles? E o Exército português? E a Universidade portuguesa? E a Imprensa portuguesa na sua generalidade? E a Igreja portuguesa…E os partidos democráticos, que antes do 28 de Maio tornaram inviável a Primeira República? E o Povo Português, que só tarde acordou para aquilo que tinha deixado perder?!...”
Em 1971-08-21 escreve o seu testamento, no qual doa a documentação acumulada e produzida ao longo da sua vida à fundação SPES, fundação criada por este testamento e defina nestes termos:
• “A Fundação Spes é uma instituição de natureza perpétua, de fins benéficos, educativos e culturais, sob inspiração cristã.”
• “A acção da Fundação Spes desenvolver-se-á em toda a Diocese portucalense, com preferência para as cidades do Porto e Penafiel, Vila Nova de Gaia e seus termos.” (Fundação SPES - Testamento)
A sua intervenção em temas fracturantes diminui ao longo da sua última década de vida; é alvo de homenagens: a 7 de Agosto de 1980 é lhe concedida a Grã-cruz da Ordem da Liberdade e a 20 de Maio de 1982 é homenageado na Assembleia da República; em 1982-02-15 é exonerado do cargo de bispo do Porto tendo em 1982-05-02 mudado a sua residência para Quinta da Mão Poderosa – Ermesinde.
A sua produção literária abundante não abrandou como bispo do Porto resignatário como se pode constatar pela publicação do livro “Cartas ao Papa” em 1987, dois anos antes da sua morte, no qual reflecte sobre a posição da Igreja Católica face à emergência de novos problemas impostos pela sociedade contemporâneas desde a cultura até às armas nucleares.
O bispo do Porto resignatário morre em 1989-04-13 deixando um legado literário e cultural digno de nota no panorama da sociedade portuguesa do séc. XX.

Alberto João Pedrógão
AJP · Person · 1918-06-07 - 2015-01-12

Alberto João de Jesus Almeida dos Santos de Carvalho Pedrógão (1918-06-07 - 2015-01-12). Casado com Maria da Paz Andrade Cancela da Fonseca de Carvalho Pedrógão, pai de Manuel Luís e de Margarida Maria e tio de Maria Cristina Cancela da Fonseca de Araújo Branco Pinheira Pereira. Foi bibliotecário da Junta Nacional dos Vinhos e mais tarde da EPAC. Era guia turístico em língua italiana para excursões e peregrinações a Portugal e a Santiago de Compostela.

Jornal "Ala"
ALA · Corporate body · 1941-1949
António Lino Neto
ALN · Person · 1873-1961

Filho de Lino Leitão Neto e de Rosa Marques Correia da Silva, António Lino Neto nasceu na freguesia de Mação, em 30 de Janeiro de 1873. Ingressou no Seminário de Portalegre, onde concluiu o curso de Teologia, prosseguindo depois os estudos na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde terminou, em 1899, a Licenciatura em Direito.
Em 1908 iniciou oficialmente a sua carreira de docente universitário ao tomar posse da cátedra de Economia Política e Direito Administrativo do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa. Depois da reforma do ensino técnico, decretada em 1911, passou a leccionar no Instituto Superior de Comércio de Lisboa (transformado posteriormente no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, integrado na Universidade Técnica de Lisboa) e na Escola Politécnica (futuro Instituto Superior Técnico). Em 1930 foi nomeado director do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras e, entre 1938 e 1943, assumiu o cargo de vice-reitor da Universidade Técnica de Lisboa. Na carreira académica destacam-se, ainda, os cargos de sócio correspondente da Classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa; sócio ordinário da Sociedade de Estudos Pedagógicos; secretário, vice-presidente e presidente da secção de Economia Política da Sociedade de Geografia de Lisboa.
Como advogado, com escritório em Lisboa (Rua Nova do Almada), prestou aconselhamento jurídico e acompanhou activamente diversos processos judiciais; colaborou com a Associação dos Jurisconsultos Católicos Portugueses e com a Associação dos Advogados de Lisboa. Abandonou oficialmente a carreira em 1941.
Paralelamente à vida académica e à actividade forense, António Lino Neto desempenhou vários cargos públicos: secretário-geral do Governo Civil de Beja (1900), tendo sido transferido, pouco tempo depois, para o mesmo cargo em Portalegre; secretário de uma Comissão do Governo, incumbida de inspeccionar a Companhia Geral do Crédito Predial Português (1910); vogal da Comissão de Reorganização Administrativa da Província de Moçambique (1910); vogal do Conselho do Serviço Técnico Aduaneiro (1911); vereador da Câmara Municipal de Lisboa - pelouro das Subsistências (1917); participou em diversos júris de concursos no Ministério dos Negócios Estrangeiros e na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1910 a 1938).
A partir de 1918 intensifica-se a actividade política e parlamentar de António Lino Neto: como representante do Centro Católico Português, exerceu o cargo de deputado nas Legislaturas III, VI e VII (na primeira, pelo círculo de Portalegre, e nas restante pelo círculo de Braga); em Novembro de 1919 é eleito Presidente do Centro, cargo que ocupa até 1934.
A sua acção destacou-se também em diversos organismos de assistência social e de cooperação profissional: vogal do Conselho Central da Associação Protectora dos Pobres de Portalegre; vogal da Direcção do Montepio-Geral; presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Federação Regional do Sul de Associações de Socorros Mútuos; membro da Comissão de Administração e Gerência do Sanatório de Sant'Ana, na Parede; membro do Conselho de Administração do Hospício da Princesa D. Maria Amélia no Funchal; director da Comissão Nacional da Assistência Religiosa em Campanha; presidente do Instituto Profissional Feminino e da Associação dos Regantes dos Campos de Alvega; vogal presidente da Junta dos Repartidores do Concelho de Portalegre; vogal do Conselho Superior de Previdência Social; vogal do Conselho Superior de Instrução Pública.
Foi autor das seguintes obras: “História dos Juízes Ordinários e da Paz” (Coimbra, 1898); “Princípios novos da ciência criminal” (1899); “Análise e crítica do novo código de posturas do concelho de Abrantes” (1902); “Estudos da Renascença Nacional” (1904); “A Questão Agrária” (Porto, 1908); “A Pátria Portuguesa” (1909); “A questão administrativa: o municipalismo em Portugal” (Lisboa, 1911); “Adam Smith, fundador da Economia Política” (Lisboa, 1936); “A Restauração de 1640, a mocidade portuguesa e o renascimento da pátria”; “O Ribatejo e a sua influência no desenvolvimento do municipalismo e do corporativismo em Portugal” (Lisboa, 1938); “A Indústria dos lacticínios e a questão agrária” (Lisboa, 1939); “O quinhão económico da vida” (Lisboa, 1941); “As funções do trabalho na ordem económica” (Lisboa, 1941).
No que se refere à sua vida pessoal, António Lino Neto casou em 1901 com Maria Matilde da Cruz Antunes de Mendonça (1878-1963) e foi pai de José Francisco Xavier de Mendonça Lino Neto (n. 03/12/1903), Maria Gertrudes Mendonça Lino Neto [Arruda] (n. 11/05/1906), Joaquim Maria de Mendonça Lino Neto (n. 03/11/1906), Maria Teresa de Mendonça Lino Neto (n. 25/08/1908), Maria Isabel de Jesus de Mendonça Lino Neto [Pádua Ramos], António Maria de Mendonça Lino Neto, Francisco de Assis de Mendonça Lino Neto e Maria Matilde de Mendonça Lino Neto [Sampaio Maia].
Foi condecorado pela Santa Sé com a grã-cruz da Ordem de São Gregório Magno, como forma de agradecimento pelos serviços prestados à Igreja Católica.
Faleceu aos 88 anos, a 16 de Novembro de 1961.

Adelaide Ribeirete
AR · Person · 1905-03-22 - 2008-09-05

Frequentou o curso de assistente social no ISSS-L. Criadora dos Bordados de Óbidos. Trabalhou na EDP, no Lactário em Óbidos.

António da Silva Leite
ASL · Person · 1759-05-23 - 1833-01-10

Foi um compositor, professor, escritor e organista portuense. Foi diretor musical do Real Teatro de São João. Mestre de Capela da Santa Sé do Porto. Examinador de cantochão do Bispado do Porto. Ocupou posições de mestre de música e compositor dos mais importantes conventos femininos da cidade, como por exemplo, o Convento de Santa Clara e o Convento de São Bento Ave Maria.

Ana Vicente
AV · Person · 1943 - 2015-4-19

Nascida em 1943, filha de Luiz de Oliveira Marques e Susan Lowndes Marques, católica e feminista, casou com António Pedro Vicente e foi mãe de dois filhos. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade de Lisboa, tendo sido membro da Ação Católica Portuguesa e da Cooperativa Pragma, da qual foi dirigente. No início da sua carreira profissional foi professora e tradutora, sendo que após o 25 de abril de 1974 entrou para a administração pública portuguesa, tendo trabalhado na Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, da qual foi presidente entre 1992-1996. Foi secretária executiva do Programa Nacional de Combate à Droga, Projeto VIDA. Trabalhou nos gabinetes ministeriais de Maria de Lourdes Pintasilgo e de Maria Leonor Beleza. Foi consultora do Fundo das Nações Unidas para a População, tendo trabalhado em programas de saúde reprodutiva com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Em 1998 aposentou-se. Depois de retirada da vida profissional ativa, integrou o grupo CID – Crianças, Idosos, Deficientes, Cidadania, Instituições, Direitos, cujo objetivo era garantir a qualidade de acolhimento institucional desses três grupos. Foi membro do Fórum de Educação para a Cidadania e membro fundador da Associação de Lares Familiares para Crianças e Jovens «Novo Futuro». É também membro do Movimento Internacional «Nós Somos Igreja», trazido para Portugal em 1997 por si e por Maria João Sande Lemos. Foi membro da Amnistia Internacional e da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres. Para além destas funções mais institucionalizadas, Ana Vicente foi investigadora, oradora em diversas conferências, formadora e autora de livros e artigos. Publicou os seguintes livros: Mulheres em Discurso (1987); Portugal visto pela Espanha, correspondência diplomática 1939-1960, (1992), As Mulheres em Portugal na Transição do Milénio (1998), Os Poderes das Mulheres, os Poderes dos Homens (1998), O Príncipe Real, Luiz Filipe de Bragança, (1887-1908) com António Pedro Vicente (1998), Direitos das Mulheres/Direitos Humanos (1999), As Mulheres Portuguesas vistas por Viajantes Estrangeiros, séc. XVIII, XIX e XX (2000), Arcádia – Notícia de uma Família Anglo-Portuguesa (2006) e Ser Igreja (org. por Ana Vicente e Leonor Xavier), (2007). Também escreveu livros infantis com ilustrações de Madalena Matoso: O H Perdeu uma Perna, Para que serve o Zero?, Onde está o Mi?, Onde acaba o Arco-Íris e Como passa o Tempo?. Faleceu na sua casa do Estoril aos 72 anos, a 19 de abril de 2015, vítima de cancro.

B · Corporate body · 1707-00-00 a -

A Igreja e Sacristia da Irmandade dos Clérigos do Porto constituía o sector orgânico central à vida religiosa da Irmandade. De facto, até à instituição do Coro dos Clérigos em 1762, era a Igreja e Sacristia que congregava a realização de todos os actos de culto da Irmandade.
A principal figura deste sector era o Tesoureiro da Igreja e da Sacristia, que deveria ser um Irmão presbítero, com as seguintes características: dar um bom exemplo, ser de consciência, recolhimento e reconhecido asseio. O Tesoureiro da Igreja era nomeado pela Mesa e estava encarregado de zelar e velar por tudo o que pertencia e dizia respeito ao culto divino. Com a formação do Coro em 1762, esta figura passou a desempenhar funções em ambos os sectores, tal como se declara no Capítulo 9.º, § 1.º, fls. 14 a 15 dos Estatutos do Coro de 1782: «Posto que o Thezoureiro da Sachristia não pertença absolutamente as obrigaçoens do Coro, se não ao todo da Igreja, com tudo tem alguas dependencias que se embaração com elle (…)». Para além da sua actuação no funcionamento do Coro e da Igreja, o Tesoureiro da Sacristia poderia ainda ser aprovado para confessar e acumular vários cargos, nomeadamente o de cartorário da Irmandade (Capítulo 12.º, Artigo n.º 91, fl. 18 do Regulamento do Coro do séc. XX) e, após 1762, o de Capelão do Coro.
Do ponto de vista da produção documental, o Tesoureiro da Igreja e da Sacristia era responsável pelo livro dos assentos das pessoas sepultadas na Igreja; no final de cada ano deveria realizar um rol descritivo dos bens que lhe foram entregues no início do desempenho das funções e daqueles que restavam; e estava ainda encarregado de receber da mão do Secretário o pagamento do serviço religioso, que deveria fazer distribuir pelos capelães. No que diz respeito às funções relacionadas com o culto divino, destacam-se as seguintes tarefas: fazer a exposição do Santíssimo Sacramento; ver as licenças dos sacerdotes que quisessem exercer ordens na Igreja da Irmandade; mandar abrir as portas da Igreja e tocar os sinos; acender as velas necessárias para os diversos actos do culto; preparar na Sacristia tudo o que fosse necessário para os diversos actos de culto e fazer conservar em boa ordem, arrumados e limpos, todos os paramentos e alfaias da Irmandade. O Tesoureiro da Igreja deveria ser uma presença constante na mesma e não poderia ausentar-se sem licença e só quando devidamente substituído por um sacerdote responsável, que ficasse encarregado das suas atribuições. Esta obrigação de permanência no local tornava-o numa figura importante da vida da Irmandade, pelo que estava encarregado de manter todos os empregados inferiores no cumprimento exacto de todas as suas obrigações. Podia ainda, com a concordância da Mesa, nomear e despedir os Meninos do Coro, que ficavam sob a sua dependência e, por tal, deveriam igualmente prestar assistência aos actos do culto da Sacristia.
De forma a cumprir as suas funções, o Tesoureiro da Igreja e da Sacristia dispunha de um ajudante - que deveria estar sujeito a um regulamento especial -, nomeado pela Mesa sob proposta do Tesoureiro. Contava igualmente com o apoio de pessoal menor e trabalhadores remunerados, tal como o sineiro; o porteiro; os coveiros que abriam sepulturas; os armadores; assim como a da lavadeira e brunideira, no que dizia respeito à manutenção da limpeza e asseio dos bens da Sacristia. Deste pessoal auxiliar destaca-se a figura do porteiro, que embora devesse obedecer em primeiro lugar à Mesa e ao Secretário, cumpria igualmente ordens do Tesoureiro da Igreja e da Sacristia. Neste sector tinha tarefas de apoio à limpeza, de colocar água nas pias e de manter afastadas pessoas estranhas à vida quotidiana da Irmandade, sobretudo da parte da noite.
Esta secção engloba documentação que se relaciona com o funcionamento da Igreja e Sacristia da Irmandade dos Clérigos do Porto, tanto do ponto de vista dos ritos religiosos aí celebrados, como da administração financeira da Igreja. Entre esta documentação destacam-se os livros de registo das missas celebradas por alma dos Irmãos; as certidões de missas; assentos de termos de sepultura de fiéis e Irmãos; assim como a documentação de registo das despesas com a Igreja e Sacristia da Irmandade. Esta secção é constituída igualmente por documentação relativa aos diversos altares e devoções religiosas praticadas na Igreja da Irmandade dos Clérigos do Porto, como é o caso da Senhora da Lapa, Senhora das Dores, Santo André e aos padroeiros da Irmandade.

Benevenuto de Sousa
BS · Person · 1859-06-22-1946-03-30

Benevenuto de Sousa, filho de Manuel João e Margarida Rita, nasceu na localidade de Assentos, em Torres Novas, em 22 de junho de 1859. Foi padre, diretor e proprietário do jornal "O Petardo", o qual foi publicado entre 1 de julho de 1902 e 1 de outubro de 1910. Foi o fundador da obra Apostolado da Imprensa.

C · Corporate body · 1754-00-00 a c. 1843-00-00

O Hospital da Irmandade dos Clérigos do Porto, em concordância com a missão base da Irmandade, foi criado com o objectivo de socorrer os clérigos pobres e doentes da cidade, incluindo os que não eram Irmãos. Oficialmente designado como Hospital da Irmandade, é comum ser referido na documentação da época apenas como Enfermaria, provavelmente em referência à casa da enfermaria, na qual se encontravam os leitos onde eram instalados os enfermos. Para além desta divisória principal, o Hospital incluía igualmente um altar, uma casa da sacristia, cozinha e um quarto para o Enfermeiro-Mor.
O Hospital estava sob imediata superintendência do Presidente ou, por delegação deste, do Secretário da Irmandade. A gerência e fiscalização desta secção de assistência física e espiritual, por sua vez, estavam incumbida a um deputado da Mesa, que tinha a obrigação de visitar a mesma diariamente durante os meses em que exercia a função de mordomo do Hospital. A nível interno, o Hospital era dirigido pelo Enfermeiro-Mor e contava igualmente com enfermeiros menores, cirurgiões e médicos, assim como um conjunto de criados e ajudantes, dos quais se destaca o Moço da Enfermaria.
O tratamento fornecido no Hospital da Irmandade incluía duas vertentes: a admissão no Hospital e a assistência aos clérigos doentes nas suas próprias casas. A assistência domiciliária era preferível no caso de doenças contagiosas e o socorro por conta da Irmandade, para além dos cuidados igualmente prestados aos doentes admitidos na enfermaria - com apoio do médico, cirurgião e boticário -, incluía ainda uma esmola. Tanto no caso de admissão como de apoio domiciliário, os clérigos contavam ainda com assistência espiritual - nomeadamente no momento da morte - e com o direito ao enterro, em caso de falecimento.
O período de maior vigor em termos de funcionamento do Hospital da Irmandade, segundo a documentação produzida pelo mesmo, parece ter-se situado entre meados do século XVIII e a década de 20 do século XIX. Em sessão da Mesa de 12 de Fevereiro de 1841 foi deliberado que se tornasse a estabelecer o Hospital para curativo dos Irmãos pobres e doentes e, de facto, nos Estatutos da Irmandade de 1871 ainda há referência à existência do mesmo, apesar de não se conhecer documentação deste período. A partir do século XX, a menção ao Hospital parece desaparecer da documentação e dos documentos regulamentares da Irmandade.
Esta secção engloba toda a documentação que se relaciona com a gestão administrativa e financeira do Hospital e com os irmãos doentes que se recolheram no mesmo, nomeadamente: registo de entradas e óbitos; receitas prescritas pelos médicos; recibos dos enfermeiros, dos médicos e dos cirurgiões; despesa da enfermaria e uma série documental relativa ao fundo do Hospital. Engloba ainda um inventário, que contempla a descrição do altar da enfermaria, sacristia, casa da enfermaria, roupa de cama, serviço de mesa e cozinha, assim como alfaias diversas.

Celeste Alves da Costa
CAC · Person · 1923-3-4 - 2013-12-3

Celeste Alves da Costa nasceu a 4 de março de 1923. Exerceu atividade profissional como professora. Faleceu a 3 de dezembro de 2013.

CCPNSM · Corporate body · [1630-00-00] a 1707-00-00

No século XVII, a cidade do Porto contava com três Irmandades fundadas com o intuito de socorrer os clérigos seculares, nas vertentes espiritual e material: a Confraria dos Clérigos Pobres de Nossa Senhora da Misericórdia, a Confraria dos Clérigos de São Pedro ad Vincula e a Congregação de São Filipe Néri.
A Confraria dos Clérigos Pobres de Nossa Senhora da Misericórdia – a mais antiga das três, fundada na primeira metade de seiscentos – estabeleceu-se, em 1630, na Igreja da Santa Casa da Misericórdia do Porto, em 1704, na Igreja de Nossa Senhora da Vitória e, em 1706, novamente no templo da Misericórdia. Com esta instituição, pretendiam os irmãos garantir as «(…) missas e sufragios por suas almas coando Deus fosse servido de os levar (…)» e ainda a assistência aos clérigos pobres.
Cedo sobreveio a preocupação de estabelecer regras que norteassem o funcionamento deste estabelecimento assistencial. Os assentos de admissão de irmãos noticiam que, em 1638, esta Confraria já dispunha de estatutos. No entanto, e apesar das constantes referências aos mesmos, não localizamos, até ao momento, a referida norma, que permitiria delinear a estrutura orgânico-funcional desta instituição.
Em alternativa, analisámos a documentação produzida pela confraria e identificámos, no que respeita a órgãos de governação, a Mesa e, a cargos e ofícios administrativos, o Juiz, os Mordomos e o Escrivão.
Na primeira metade do século XVIII, os membros das três Confrarias de clérigos concluíram que seria benéfica a união numa só instituição: a Irmandade dos Clérigos do Porto. A elaboração de novos estatutos ditou o fim da separação até então vigente.
Com a união das Irmandades, em 1707, a documentação produzida no âmbito do funcionamento desta confraria foi introduzida no arquivo da Irmandade dos Clérigos do Porto. O volume documental identificado para este produtor resume-se a registos de admissão de Irmãos e a termos de falecimento.