O Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado (SNIP), criado em 1961 em resposta aos desafios levantados pelo território urbano em rápida expansão, foi um gabinete de características únicas no nosso país, tendo seguido os passos de outras estruturas europeias similares, em particular o “Centro di Studio e Informazione per l’Architettura Sacra”, de Bolonha, como consequência do estágio ali efetuado em 1960 pelo arquiteto Diogo Lino Pimentel, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. De Bolonha, o SNIP herdou uma matriz de intervenção atenta às dinâmicas urbanas e sociais próprias de um território em expansão e reestruturação, associada à tradução de conceitos pastorais numa arquitetura integrada nas características formais de cada local.
A criação do SNIP marcou o início de uma época de construção de edifícios religiosos sem paralelo na história da arquitetura portuguesa. Ao longo de cinco décadas, que acompanharam os episcopados dos Cardeais Cerejeira (1929-71), Ribeiro (1971-98) e Policarpo (1998-2013), o SNIP fez consultadoria, elaborou pareceres, planeou território, projetou igrejas novas e interveio em antigas, contabilizando-se hoje mais de 200 obras e projetos que conheceram aquele serviço. Dentre este vasto conjunto, ganham particular interesse histórico e social, as capelas-salão, de que se construíram cerca de 30 unidades em 19 concelhos distintos.
Na sequência da criação das dioceses de Santarém e de Setúbal, em 1975, a documentação do arquivo do SNIP relativa a projetos e obras situados no território que passou do Patriarcado para essas dioceses foi também ela transferida para os respetivos arquivos diocesanos.
O SNIP esteve ativo até 2014.
A Associação com o título de Montepio Eclesiástico, também designada por Montepio Eclesiástico do Reino, foi estabelecida em 1843 e extinta em 1861. A finalidade principal do Montepio era conceder um subsídio pecuniário diário aos sócios que por doença, suspensão ou prisão se achassem impedidos de exercer o seu ministério, não auferindo, portanto, rendimentos. Podiam ser sócios do Montepio todos os sacerdotes que o pretendessem, satisfazendo as jóias e quotas a que eram obrigados, segundo o Estatuto e conforme a tabela em vigor, sob pena de não se poderem valer dos seus direitos em caso de doença. Os órgãos administrativos da Associação eram a Assembleia-geral, de que faziam parte todos os sócios e a Junta Administrativa, composta por cinco membros – Presidente, vice-Presidente, Secretário, Tesoureiro e Visitador. Para a revisão das contas apresentadas anualmente pela Junta Administrativa existia ainda uma Comissão Revisora, composta por três membros. O primeiro Estatuto do Montepio Eclesiástico do Reino, de 1844, foi revisto e alterado em 1848 e 1856. Foi ainda criada uma Comissão Propagadora do Montepio em 1845 com a finalidade de promover o aumento e prosperidade da Associação. Em 1859, no entanto, debate-se em reunião da Junta Administrativa a questão relativa à falta de dinheiro em cofre devido ao reduzido número de sócios da Associação, à epidemia que grassara em Lisboa no ano anterior a qual ocasionara não terem sido cobradas as quotas aos sócios e ainda fazendo aumentar as despesas dos subsídios e medicamentos entregues a sócios doentes. Em 15 de Maio de 1860 é resolvido em sessão da Assembleia-geral do Montepio Eclesiástico do Reino a sua dissolução, que acaba por se concretizar em 1861, procedendo-se ao rateio do capital existente entre os sócios restantes.
O Forum Abel Varzim – Desenvolvimento e Solidariedade é uma organização não governamental, constituída em 1996 com o objetivo principal de promoção da cidadania. Desde a sua formação que, entre as suas linhas de ação, se encontra a recolha de documentação sobre o padre Abel Varzim, figura de referência na sua constituição e estruturante na sua denominação e atuação.
A ideia de constituição deste fundo documental surgiu entre os participantes na sessão de homenagem no 30.º aniversário da morte de Abel Varzim, em 1994, com o intuito de preservar a sua memória, através da recolha sistemática de textos por ele produzidos e de testemunhos sobre a sua influência.
No 1º Congresso do Partido Único, a União Nacional (1934), foi proposta a criação de escolas de Serviço Social. O Serviço Social em Portugal surge enquanto área de formação académica em 1935 com a criação da primeira Escola-Instituto de Serviço Social de Lisboa, tendo por suporte jurídico a Associação de Serviço Social sob tutela do Patriarcado. A 17 de Março de 1935 Mme. Marie Thérèse Lévêque, primeira directora técnica do Instituto de Serviço Social de Lisboa (ISS-L), apresentou, nas instalações destinadas ao funcionamento desta escola, os objectivos e o programa de um curso pioneiro em Portugal em Serviço Social (Boletim do ISSL, 1935). A formação apresentava uma forte influência do Serviço Social francófono. A duração do curso era de três anos, sendo que o currículo abarcava três grandes temas: Educação Social, Medicina Social e o exercício da prática em instituições sociais. O trabalho desenvolvido era muito no “terreno”, junto da população, para que os estudantes e futuras profissionais ganhassem experiência nas mais diversas áreas de intervenção (e.g. serviços de medicina-pediátrica; creches, maternidades, dispensários de profilaxia de higiene pessoal, fábricas, etc.) Ainda no que se refere ao ensino, em 1956 foi introduzido um novo plano de estudos, definido de acordo com o Decreto-Lei 40678 de 10 de julho de 1956, no qual o curso aumentava a sua carga temporal para 4 anos, sendo que no último ano as alunas tinham de apresentar uma monografia. Em 1995 e 1996 foram criados os primeiros Mestrados em Serviço Social, no Instituto Superior de Serviço Social em Lisboa e Porto.
Em 1962 designava-se por Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina e depois de 1974 Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, que ainda hoje mantém. Em 1980, pelo Decreto 29/80 de 17 de Maio, do Ministério da Educação e Ciência, foi criada a licenciatura em Serviço Social no ISCSP. A Portaria 330/80 de 12 de Junho regulamentou o referido curso, designado posteriormente (1984) de Política Social.
Criada em 2000 com o intuito de agregar em rede as escolas onde se ministravam licenciaturas em Serviço Social.
O Centro de Estudos de Serviço Social e Sociologia entrou em actividade em 2003. No contexto da reestruturação dos centros de investigação da Universidade Católica Portuguesa transitou para o novo Catolica Research Centre for Psychological, Family and Social Wellbeing (CRC-W).
Manuel Duque Vieira nasceu em 8 de novembro de 1902 em Mata, Torres Novas, no seio de uma família de proprietários rurais. Em 1929 formou-se em Ciências Histórico-Filosóficas e iniciou o curso de habilitação para o magistério liceal, que terminou em 1931. A partir daí iniciou a sua carreira de professor, ensinando nos liceus da Guarda, Angra do Heroísmo e Castelo Branco. Em 1955 foi transferido para o Liceu Pedro Nunes, em Lisboa. Em 1947 pertenceu à comissão de reforma do ensino secundário, foi membro da Junta Nacional de Educação, fez parte do júri de exames de Estado e elaborou pontos de exame para avaliações a nível nacional. Aposentou-se em 1972. Foi colaborador assíduo de publicações periódicas, tendo fundado em Castelo Branco o semanário "Reconquista". A sua ligação aos círculos católicos fê-lo colaborar com o jornal "Novidades" e com as revistas "Estudos" (do Centro Académico de Democracia Cristã de Coimbra) e "Flama". As revistas "Liceus de Portugal" e "Labor" espelham o seu pensamento sobre questões educativas. Neste âmbito, enquadra-se inicialmente numa corrente nacionalista católica e conservadora. Defendia a criação de escolas técnicas como meio de aliviar os liceus da pressão social a que estavam sujeitos e de adaptar o ensino às necessidades da economia portuguesa. Neste sentido, entendia que para as universidades apenas deveria transitar uma minoria, verdadeiramente vocacionada para os estudos superiores. Nos anos 50 e 60 o seu pensamento evoluiu para o que será a teorização social progressista da Igreja, promovida pelo Concílio do Vaticano II. Faleceu em 20 de janeiro de 1972.
Celeste Alves da Costa nasceu a 4 de março de 1923. Exerceu atividade profissional como professora. Faleceu a 3 de dezembro de 2013.
Francisco Lino Neto (1918-1997), filho de António Lino Neto, foi um dos protagonistas do militantismo católico, que, a partir dos anos 50, se posicionou em confronto com o regime do Estado Novo. Destacou-se como engenheiro eletrotécnico no quadro do Metropolitano de Lisboa. Militante católico da Juventude Universitária Católica, foi apoiante de Humberto Delgado às eleições presidenciais de 1958 e eleito deputado em 1976 pelo PS, pelo círculo Lisboa, para a I Legislatura da Assembleia da República. Na afirmação de um catolicismo ”consciente”, Francisco Lino Neto, assumiu uma postura de intervenção a partir de 1958, no contexto das eleições para a Presidência da República. Passou, então, a liderar a chamada “oposição católica” como redator e subscritor de documentos públicos, iniciativas que o levariam a ser vigiado pela PIDE e mesmo preso em outubro de 1958. Dos documentos referenciados, destacam-se a carta ao jornal “Novidades”, de 19 de maio de 1958, denunciando o apoio do jornal ao candidato do regime, o texto, em forma de entrevista, intitulado “Considerações dum católico sobre o período eleitoral”, cortado pela censura, e publicado em folheto de edição anónima, em junho de 1958. Em fevereiro de 1959, escreve o texto introdutório de um abaixo-assinado “As relações entre a Igreja e o Estado e a liberdade dos católicos”, e em março de 1959 uma carta a António de Oliveira Salazar sobre os serviços de repressão do regime, que viria a circular como folheto impresso. Apresentou-se como candidato católico nas eleições de 1961, e em 1965 integrou o Movimento Cristão de Ação Democrática. Em 1969, é candidato independente nas listas da CDE de Santarém, às eleições para a Assembleia Nacional. Redige um documento sobre “A questão ultramarina: sugestões para uma perspetiva de solução”, onde sugere a necessidade da paz imediata.