Padre.
Padre.
O Hospital da Irmandade dos Clérigos do Porto, em concordância com a missão base da Irmandade, foi criado com o objectivo de socorrer os clérigos pobres e doentes da cidade, incluindo os que não eram Irmãos. Oficialmente designado como Hospital da Irmandade, é comum ser referido na documentação da época apenas como Enfermaria, provavelmente em referência à casa da enfermaria, na qual se encontravam os leitos onde eram instalados os enfermos. Para além desta divisória principal, o Hospital incluía igualmente um altar, uma casa da sacristia, cozinha e um quarto para o Enfermeiro-Mor.
O Hospital estava sob imediata superintendência do Presidente ou, por delegação deste, do Secretário da Irmandade. A gerência e fiscalização desta secção de assistência física e espiritual, por sua vez, estavam incumbida a um deputado da Mesa, que tinha a obrigação de visitar a mesma diariamente durante os meses em que exercia a função de mordomo do Hospital. A nível interno, o Hospital era dirigido pelo Enfermeiro-Mor e contava igualmente com enfermeiros menores, cirurgiões e médicos, assim como um conjunto de criados e ajudantes, dos quais se destaca o Moço da Enfermaria.
O tratamento fornecido no Hospital da Irmandade incluía duas vertentes: a admissão no Hospital e a assistência aos clérigos doentes nas suas próprias casas. A assistência domiciliária era preferível no caso de doenças contagiosas e o socorro por conta da Irmandade, para além dos cuidados igualmente prestados aos doentes admitidos na enfermaria - com apoio do médico, cirurgião e boticário -, incluía ainda uma esmola. Tanto no caso de admissão como de apoio domiciliário, os clérigos contavam ainda com assistência espiritual - nomeadamente no momento da morte - e com o direito ao enterro, em caso de falecimento.
O período de maior vigor em termos de funcionamento do Hospital da Irmandade, segundo a documentação produzida pelo mesmo, parece ter-se situado entre meados do século XVIII e a década de 20 do século XIX. Em sessão da Mesa de 12 de Fevereiro de 1841 foi deliberado que se tornasse a estabelecer o Hospital para curativo dos Irmãos pobres e doentes e, de facto, nos Estatutos da Irmandade de 1871 ainda há referência à existência do mesmo, apesar de não se conhecer documentação deste período. A partir do século XX, a menção ao Hospital parece desaparecer da documentação e dos documentos regulamentares da Irmandade.
Esta secção engloba toda a documentação que se relaciona com a gestão administrativa e financeira do Hospital e com os irmãos doentes que se recolheram no mesmo, nomeadamente: registo de entradas e óbitos; receitas prescritas pelos médicos; recibos dos enfermeiros, dos médicos e dos cirurgiões; despesa da enfermaria e uma série documental relativa ao fundo do Hospital. Engloba ainda um inventário, que contempla a descrição do altar da enfermaria, sacristia, casa da enfermaria, roupa de cama, serviço de mesa e cozinha, assim como alfaias diversas.
O Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado (SNIP), criado em 1961 em resposta aos desafios levantados pelo território urbano em rápida expansão, foi um gabinete de características únicas no nosso país, tendo seguido os passos de outras estruturas europeias similares, em particular o “Centro di Studio e Informazione per l’Architettura Sacra”, de Bolonha, como consequência do estágio ali efetuado em 1960 pelo arquiteto Diogo Lino Pimentel, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. De Bolonha, o SNIP herdou uma matriz de intervenção atenta às dinâmicas urbanas e sociais próprias de um território em expansão e reestruturação, associada à tradução de conceitos pastorais numa arquitetura integrada nas características formais de cada local.
A criação do SNIP marcou o início de uma época de construção de edifícios religiosos sem paralelo na história da arquitetura portuguesa. Ao longo de cinco décadas, que acompanharam os episcopados dos Cardeais Cerejeira (1929-71), Ribeiro (1971-98) e Policarpo (1998-2013), o SNIP fez consultadoria, elaborou pareceres, planeou território, projetou igrejas novas e interveio em antigas, contabilizando-se hoje mais de 200 obras e projetos que conheceram aquele serviço. Dentre este vasto conjunto, ganham particular interesse histórico e social, as capelas-salão, de que se construíram cerca de 30 unidades em 19 concelhos distintos.
Na sequência da criação das dioceses de Santarém e de Setúbal, em 1975, a documentação do arquivo do SNIP relativa a projetos e obras situados no território que passou do Patriarcado para essas dioceses foi também ela transferida para os respetivos arquivos diocesanos.
O SNIP esteve ativo até 2014.
A Associação com o título de Montepio Eclesiástico, também designada por Montepio Eclesiástico do Reino, foi estabelecida em 1843 e extinta em 1861. A finalidade principal do Montepio era conceder um subsídio pecuniário diário aos sócios que por doença, suspensão ou prisão se achassem impedidos de exercer o seu ministério, não auferindo, portanto, rendimentos. Podiam ser sócios do Montepio todos os sacerdotes que o pretendessem, satisfazendo as jóias e quotas a que eram obrigados, segundo o Estatuto e conforme a tabela em vigor, sob pena de não se poderem valer dos seus direitos em caso de doença. Os órgãos administrativos da Associação eram a Assembleia-geral, de que faziam parte todos os sócios e a Junta Administrativa, composta por cinco membros – Presidente, vice-Presidente, Secretário, Tesoureiro e Visitador. Para a revisão das contas apresentadas anualmente pela Junta Administrativa existia ainda uma Comissão Revisora, composta por três membros. O primeiro Estatuto do Montepio Eclesiástico do Reino, de 1844, foi revisto e alterado em 1848 e 1856. Foi ainda criada uma Comissão Propagadora do Montepio em 1845 com a finalidade de promover o aumento e prosperidade da Associação. Em 1859, no entanto, debate-se em reunião da Junta Administrativa a questão relativa à falta de dinheiro em cofre devido ao reduzido número de sócios da Associação, à epidemia que grassara em Lisboa no ano anterior a qual ocasionara não terem sido cobradas as quotas aos sócios e ainda fazendo aumentar as despesas dos subsídios e medicamentos entregues a sócios doentes. Em 15 de Maio de 1860 é resolvido em sessão da Assembleia-geral do Montepio Eclesiástico do Reino a sua dissolução, que acaba por se concretizar em 1861, procedendo-se ao rateio do capital existente entre os sócios restantes.
O Forum Abel Varzim – Desenvolvimento e Solidariedade é uma organização não governamental, constituída em 1996 com o objetivo principal de promoção da cidadania. Desde a sua formação que, entre as suas linhas de ação, se encontra a recolha de documentação sobre o padre Abel Varzim, figura de referência na sua constituição e estruturante na sua denominação e atuação.
A ideia de constituição deste fundo documental surgiu entre os participantes na sessão de homenagem no 30.º aniversário da morte de Abel Varzim, em 1994, com o intuito de preservar a sua memória, através da recolha sistemática de textos por ele produzidos e de testemunhos sobre a sua influência.
No 1º Congresso do Partido Único, a União Nacional (1934), foi proposta a criação de escolas de Serviço Social. O Serviço Social em Portugal surge enquanto área de formação académica em 1935 com a criação da primeira Escola-Instituto de Serviço Social de Lisboa, tendo por suporte jurídico a Associação de Serviço Social sob tutela do Patriarcado. A 17 de Março de 1935 Mme. Marie Thérèse Lévêque, primeira directora técnica do Instituto de Serviço Social de Lisboa (ISS-L), apresentou, nas instalações destinadas ao funcionamento desta escola, os objectivos e o programa de um curso pioneiro em Portugal em Serviço Social (Boletim do ISSL, 1935). A formação apresentava uma forte influência do Serviço Social francófono. A duração do curso era de três anos, sendo que o currículo abarcava três grandes temas: Educação Social, Medicina Social e o exercício da prática em instituições sociais. O trabalho desenvolvido era muito no “terreno”, junto da população, para que os estudantes e futuras profissionais ganhassem experiência nas mais diversas áreas de intervenção (e.g. serviços de medicina-pediátrica; creches, maternidades, dispensários de profilaxia de higiene pessoal, fábricas, etc.) Ainda no que se refere ao ensino, em 1956 foi introduzido um novo plano de estudos, definido de acordo com o Decreto-Lei 40678 de 10 de julho de 1956, no qual o curso aumentava a sua carga temporal para 4 anos, sendo que no último ano as alunas tinham de apresentar uma monografia. Em 1995 e 1996 foram criados os primeiros Mestrados em Serviço Social, no Instituto Superior de Serviço Social em Lisboa e Porto.