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UCP · Corporate body · 1967-

Pelo Decreto Lusitanorum Nobilissima Gens, de 1967, a Congregação Romana da Educação Católica dá início à Universidade Católica Portuguesa. Em 1971 o Estado Português reconhece a personalidade jurídica da UCP, que considera como “pessoa coletiva de utilidade pública”, e determina também que os títulos, graus e diplomas por ela conferidos gozem do mesmo valor e dos mesmos efeitos que os das restantes Universidades portuguesas. (Decreto-Lei n.º 307/71). O Decreto Humanam Eruditionem institui canonicamente a Universidade Católica Portuguesa. No ano de 1996 foi criada a Licenciatura em Serviço Social na Universidade Católica Portuguesa. Em Portugal de 2000 a 2008 o curso de Serviço Social alargou-se aos polos de Braga e Viseu da Universidade Católica Portuguesa.

Susan Lowndes
SLM · Person · 1907-1993

Susan Lowndes Marques, ou Susan Lowndes, nome com que assinava os seus livros e artigos, nasceu em Londres, em 15.02.1907. Era filha da escritora Marie Belloc Lowndes e de Frederick Lowndes, jornalista do “The Times”, e neta de Bessie Rayner Parkes Belloc, escritora e ativista dos direitos das mulheres. Frequentou diversos colégios em Inglaterra, iniciando-se na escrita ainda jovem, colaborando de forma ocasional em diversas publicações. Em setembro de 1938 deslocou-se a Portugal com seu pai, instalando-se no Hotel de Inglaterra, no Estoril, onde conheceu o jornalista Luiz Artur de Oliveira Marques com quem veio a casar poucos meses depois, em 14.12.1938, em Londres. Era católica e assídua aos sacramentos. Em paralelo com o aprofundamento espiritual, que foi permanente – oração, leituras religiosas, prática assídua dos sacramentos, frequência de retiros, direcção espiritual regular – entendia que o cristianismo se vivia no dia-a-dia, de forma eminentemente prática, em solidariedade com as pessoas mais sós ou desprotegidas. Colaborou com o marido no “The Anglo-Portuguese News” (APN), jornal inglês publicado em Portugal durante quase cinquenta anos, cuja sede seria montada na casa da família no Monte Estoril, a partir da década de 1960. Após a morte de Luiz Marques, em 1976, continuou a dirigir o APN, até que o vendeu, em 1980, ao jornalista inglês Nigel Batley. Foi correspondente em Portugal de vários jornais e revistas católicas norte-americanas e inglesas e colaboradora ocasional de diversas revistas e publicações, com temas quase sempre relacionados com Portugal. Grande apaixonada pela arte e pela arquitetura, escreveu com Alice Berkeley um livro que seria publicado pouco tempo depois da sua morte: “English art in Portugal” (Lisboa: Inapa, 1994). Trabalhou de forma voluntária em várias instituições, tais como o Hospital Britânico, o Colégio Inglês de Carcavelos, o Lar para a Terceira Idade da Comunidade Estrangeira, em S. Pedro de Estoril, o Fundo Caritativo Britânico, a Associação Anglo-Lusa, com sede em Londres, a Associação Britânica de Mulheres Voluntárias e o Lar Internacional para Senhoras. Durante a segunda guerra mundial, também participou com o marido no apoio aos refugiados que passaram em grande número por Portugal. A Casa Palmeiral, sita na Avenida de S. Pedro, no Monte Estoril, onde residiu desde 1947, estava repleta de livros e sempre preparada para receber familiares, amigos e conhecidos. Eram regulares os almoços e jantares onde, à volta da mesa, se juntavam as mais diversas personalidades, tanto mais que Susan Lowndes e Luiz Marques mantinham importantes relações de amizade com vários escritores ingleses, que os visitavam quando passavam por Portugal. Susan Lowndes foi condecorada, em 1975, pela Rainha Isabel II de Inglaterra, com a Ordem do Império Britânico, pelos serviços prestados à comunidade inglesa em Portugal. Francisco Hipólito Raposo descrevê-la-ia como «uma portuguesa de luxo». Morreu em 03.02.1993, no Hospital Inglês, em Lisboa.

Ana Vicente
AV · Person · 1943 - 2015-4-19

Nascida em 1943, filha de Luiz de Oliveira Marques e Susan Lowndes Marques, católica e feminista, casou com António Pedro Vicente e foi mãe de dois filhos. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade de Lisboa, tendo sido membro da Ação Católica Portuguesa e da Cooperativa Pragma, da qual foi dirigente. No início da sua carreira profissional foi professora e tradutora, sendo que após o 25 de abril de 1974 entrou para a administração pública portuguesa, tendo trabalhado na Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, da qual foi presidente entre 1992-1996. Foi secretária executiva do Programa Nacional de Combate à Droga, Projeto VIDA. Trabalhou nos gabinetes ministeriais de Maria de Lourdes Pintasilgo e de Maria Leonor Beleza. Foi consultora do Fundo das Nações Unidas para a População, tendo trabalhado em programas de saúde reprodutiva com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Em 1998 aposentou-se. Depois de retirada da vida profissional ativa, integrou o grupo CID – Crianças, Idosos, Deficientes, Cidadania, Instituições, Direitos, cujo objetivo era garantir a qualidade de acolhimento institucional desses três grupos. Foi membro do Fórum de Educação para a Cidadania e membro fundador da Associação de Lares Familiares para Crianças e Jovens «Novo Futuro». É também membro do Movimento Internacional «Nós Somos Igreja», trazido para Portugal em 1997 por si e por Maria João Sande Lemos. Foi membro da Amnistia Internacional e da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres. Para além destas funções mais institucionalizadas, Ana Vicente foi investigadora, oradora em diversas conferências, formadora e autora de livros e artigos. Publicou os seguintes livros: Mulheres em Discurso (1987); Portugal visto pela Espanha, correspondência diplomática 1939-1960, (1992), As Mulheres em Portugal na Transição do Milénio (1998), Os Poderes das Mulheres, os Poderes dos Homens (1998), O Príncipe Real, Luiz Filipe de Bragança, (1887-1908) com António Pedro Vicente (1998), Direitos das Mulheres/Direitos Humanos (1999), As Mulheres Portuguesas vistas por Viajantes Estrangeiros, séc. XVIII, XIX e XX (2000), Arcádia – Notícia de uma Família Anglo-Portuguesa (2006) e Ser Igreja (org. por Ana Vicente e Leonor Xavier), (2007). Também escreveu livros infantis com ilustrações de Madalena Matoso: O H Perdeu uma Perna, Para que serve o Zero?, Onde está o Mi?, Onde acaba o Arco-Íris e Como passa o Tempo?. Faleceu na sua casa do Estoril aos 72 anos, a 19 de abril de 2015, vítima de cancro.

Guilherme Braga da Cruz
GBC · Person · 1916-06-11 - 1977-03-11

Guilherme Braga da Cruz nasceu em Braga a 11 de junho de 1916. Filho de José Maria Braga da Cruz e Maria Isabel Bressane Leite Perry de Sousa Gomes. Cedo recebeu pela tradição familiar os traços que o caracterizariam toda a vida. Seu pai, católico, formado em direito pela Universidade de Coimbra foi advogado, notário, juiz-conselheiro do Tribunal de Contas e deputado. Sua mãe, católica, era filha de Francisco José de Sousa Gomes, lente de química na Universidade de Coimbra e figura preponderante do movimento social católico em Portugal nos finais do século XIX e inícios do século XX.
O ensino primário fê-lo no Colégio Dublin e entre 1926 e 1932 frequentou o Liceu Sá de Miranda, onde arrecadou “esplêndidas classificações”, a par da formação que recebeu dos jesuítas do Centro Académico. Nesse ano de 1932 Guilherme Braga da Cruz matriculou-se em direito na Universidade de Coimbra. Aí foi aluno de grandes mestres do direito, como Paulo Merêa, Luís Cabral de Moncada, Domingos Fezas Vital, Adriano Vaz Serra, Mário de Figueiredo, Manuel de Andrade e Fernando Andrade Pires de Lima. Os documentos contidos no seu arquivo testemunham a sua grande capacidade de absorção, sistematização e composição textual, qualidades que levaram a que Guilherme Braga da Cruz fosse considerado um generoso “sebenteiro” do curso e aluno brilhante, a quem acorriam colegas mais negligentes.
Testemunho destas competências são as “Lições de Direito Civil (Relações de Família) de acôrdo com as prelecções do Ex.mo Senhor Doutor Pires de Lima ao 4.º ano jurídico de 1936”, que coligiu e publicou, na sequência dos sólidos apontamentos que retirou das aulas de Fernando Andrade Pires de Lima. Esta obra conheceu novas tiragens em 1942-1943 e 1949-1953.
Enquanto aluno foi também membro da Secção Centro da Federação dos Estudantes Monárquicos Portugueses e do Centro Académico de Democracia Cristã (CADC), ao qual o seu avô materno, Francisco José de Sousa Gomes, havia dado um impulso preponderante. Aqui sorve a doutrina social da Igreja, contida nas encíclicas de Leão XIII e Pio XI, e contacta, entre outros, com o padre Manuel Trindade Salgueiro, futuro bispo auxiliar de Lisboa e arcebispo de Évora, assistente eclesiástico do CADC e vulto do clero da época. Foi ainda vice-presidente do CADC no ano letivo de 1936-1937, colaborador da Obra dos Pobres, da Obra dos Presos, das Conferências de São Vicente de Paulo, membro da Congregação Mariana e da Liga Eucarística.
No 5º ano jurídico, Guilherme Braga da Cruz escolhe definitivamente a área científica em que se especializará e à qual dedicará o seu labor científico: a história do direito. Aluno de Paulo Merêa em aulas sobre a génese do testamento português, elege a perfiliatio, instituto jurídico da família medieval, como tema central da sua tese de licenciatura “Algumas considerações sobre o instituto da ‘perfiliatio’”, que defende em junho de 1937 e que lhe permite arrecadar 17 valores.
Após algumas interrogações acerca do seu futuro profissional, como se depreende da sua correspondência, Guilherme Braga da Cruz decide dar à sua vasta cultura humanística e sólida formação jurídica o rumo necessário para ocupar a cátedra na Universidade de Coimbra. Assim, como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura, estudou em Paris (1938-1939) e em Madrid (1939-1940), fazendo a sua especialização em história do direito. O resultado foi a sua consagração com a apresentação da tese de doutoramento em Ciências Histórico-Jurídicas intitulada "O direito da troncalidade e o regime jurídico do património familiar". As provas de doutoramento decorreram entre 17 e 22 de novembro de 1941, tendo sido aprovado com a classificação de "Muito Bom" e 18 valores.
Entretanto, a 13 de abril de 1939, em licença de deslocação a Portugal, Guilherme Braga da Cruz contrai matrimónio com Ofélia de Azevedo Garcia, natural de Mata de Lobos e irmã dos seus amigos Luís Garcia e António Garcia, posteriormente ordenado sacerdote, com quem Guilherme Braga da Cruz se correspondeu ao longo da vida. Guilherme Braga da Cruz e Ofélia Garcia Braga da Cruz tiveram 9 filhos.
A 8 de janeiro de 1942 Guilherme Braga da Cruz é contratado para provimento do lugar de professor na categoria de primeiro assistente, além do quadro, do primeiro grupo da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Este foi o início da sua carreira profissional. Em 29 de dezembro de 1947 é nomeado professor extraordinário, após realização da prova escrita de comentário a uma parte de Digesto, lição oral sobre “A posse de ano e dia no direito hispânico medieval” e apresentação da tese de concurso "O direito de troncalidade. A exclusão sucessória dos ascendentes”, que constituiu a já prometida segunda parte da tese de doutoramento acerca do direito troncal. No ano seguinte, a 26 de julho, proferiu na Sala dos Capelos a lição sobre “O direito de superfície no direito romano”, levando à sua contratação como professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, do Grupo das Ciências Histórico-Jurídicas, a 2 de agosto de 1948.
O discípulo sucedeu ao mestre. Guilherme Braga da Cruz sucedeu a Paulo Merêa na regência da cátedra de História do Direito Português, tendo acumulado a docência desta cadeira com a de História do Direito Romano.
Exerceu o cargo de professor secretário (1951-1955) e de professor bibliotecário (1957-1958) da Faculdade de Direito, sendo responsável pela manutenção e renovação do acervo do Instituto Jurídico. Tomou assento como membro do Conselho Escolar da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, com direito a voto, por deferência do Conselho desde a entrada ao serviço da Faculdade de Direito em 1942.
A 28 de outubro de 1958 Guilherme Braga da Cruz sucedeu a Luís Cabral de Moncada na direção da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e por inerência do cargo foi presidente da Fundação Rangel de Sampaio. Estas funções cessaram a 13 de junho de 1961 com a sua nomeação e tomada de posse no cargo de reitor da Universidade de Coimbra.
Como reitor da Universidade de Coimbra, Guilherme Braga da Cruz chega ao lugar mais elevado e honroso do cursus honorum universitatis, como o próprio reconhece: “Ao tomar posse do cargo de reitor da Universidade de Coimbra, ascendo ao lugar mais honroso que um professor desta Casa pode aspirar; mas quero afirmar publicamente que ascendo a um lugar que nunca ambicionei e que de bom grado recusaria se não tivesse considerado a sua aceitação como um imperioso dever de ordem moral.”
Por inerência das funções de reitor, e por Portaria de 28 de junho de 1961, foi nomeado presidente da Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra. Na sequência da chamada "crise académica" de 1962, empolada pela comemoração do “Dia do Estudante” e em divergência com a solução encontrada pelo Governo para apaziguar a contestação juvenil, Guilherme Braga da Cruz pediu a exoneração de funções do cargo de reitor, concedida a 6 de dezembro de 1962.
Ainda que curto, o reitorado de Guilherme Braga da Cruz foi pautado por diversos acontecimentos, dos quais importa destacar a sua presença em Angola e Moçambique a propósito do Curso de férias da Universidade de Coimbra no Ultramar, a atribuição dos doutoramentos "honoris-causa" a José de Azeredo Perdigão e a Gilberto Freyre e a preparação do V Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros. No mesmo dia em que viu satisfeito o seu pedido de exoneração do cargo de reitor, Guilherme Braga da Cruz conseguiu ainda do ministro da Educação Nacional a aprovação do quadro de pessoal da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, que havia sido, aliás, uma das condições que tinha colocado para a aceitação do cargo.
No serviço à Universidade de Coimbra, Guilherme Braga da Cruz integrou também o Senado Universitário de Coimbra, pela primeira vez em 1958, enquanto diretor da Faculdade de Direito, e depois, entre junho de 1961 e dezembro de 1962 na qualidade de reitor da Universidade de Coimbra. Posteriormente voltou a ser membro do Senado Universitário como representante-eleito dos professores da Faculdade de Direito, entre 1965 e 1972.
Mais tarde viria a exercer o cargo de diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, de 23 de janeiro de 1971 até à data da sua morte, com a interrupção inerente à suspensão de todas as suas funções públicas na sequência do processo de "saneamento" de que foi alvo, entre agosto de 1975 e outubro de 1976.
Além das funções exercidas nos diversos órgãos da Universidade de Coimbra, Guilherme Braga da Cruz assumiu a presidência de júris de provas de admissão à universidade, realizados em Macau (1965) e em Angola e Moçambique (1967), e integrou júris de doutoramentos e concursos.
A propósito da dedicação de Guilherme Braga da Cruz ao serviço da universidade e do seu interesse pelos problemas académicos, é de assinalar a existência no seu arquivo de documentos produzidos pelos diversos organismos académicos portugueses, e que Guilherme Braga da Cruz recolhia e guardava meticulosamente.
No pós-25 de abril de 1974, Guilherme Braga da Cruz foi fisicamente impedido de dar aulas por deliberação plenária da "União dos Estudantes Comunistas", organismo ligado ao Partido Comunista Português que havia controlado a Associação Académica de Coimbra. Posteriormente, foi suspenso das funções de professor, suspensão comunicada por ofício datado de 20 de agosto de 1975, que em várias alíneas formulava duas grandes acusações: "comprometimento político com o regime deposto" e "actuação altamente repressiva e anti-democrática enquanto Membro do Conselho Escolar da Faculdade de Direito, Reitor da Universidade de Coimbra e Membro do Senado Universitário". O processo de “saneamento” viria a ser arquivado a 9 de outubro de 1976, por despacho do subsecretário de Estado do Ensino Superior.
A par das atividades desenvolvidas no coração da universidade, Guilherme Braga da Cruz teve uma simultaneidade de ligações na academia, espelhada na documentação que produziu no contexto da sua filiação a instituições académicas e científicas. Elencam-se as seguintes: sócio efetivo do Instituto de Coimbra desde 1948 e vice-presidente da direção nos mandatos de 1961-1964, 1966-1967 e 1968-1974; sócio fundador da Sociedade Internacional Francisco Suárez, instituída em 1948, e seu presidente no período de tempo em que exerceu as funções de reitor da Universidade de Coimbra; em 1949, foi nomeado membro da Comissão Portuguesa do Comité International des Sciences Historiques, onde exerceu as funções de secretário entre 1949-1951 e, a partir de 1965, foi presidente da Subcomissão de História do Direito Português; académico correspondente da Academia Portuguesa da História desde 1951 e académico de número (15) a partir de 1960, tendo proferido os “Elogios do Padre Francisco Rodrigues e do Padre Carlos da Silva Tarouca”; membro da Societé Jean Bodin, dedicada ao estudo do direito comparado, na qualidade de membro a partir de 1960; exerceu as funções de membro da Comissão Redatora da "Revista de Legislação e de Jurisprudência" em 1960, da qual redigiu a obra de proporções monumentais "Revista de Legislação e de Jurisprudência (Esboço da sua história)"; membro do corpo diretivo da Verbo-Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura desde o início da década de 1960; colaborador do Max-Planck-Institut für europäische Rechtsgeschichte, desde início da década de 1960; integrou a Academia das Ciências de Lisboa, na sua Classe de Letras, na qualidade de sócio correspondente a partir de 1962; incorporou o Centro Português de Estudos Europeus, na Secção Portuguesa do Centro Europeu de Documentação e Informação em 1963; membro da Académie Internationale des Sciences Politiques desde 1963; no mesmo ano, foi admitido como membro, tendo assumido a representação portuguesa do Seminário de História do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, na Association Internationale d' Histoire du Droit des Institutions; membro da Académie de Legislation desde 1964; sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo desde 1965; académico correspondente da Academia Internacional de Cultura Portuguesa desde 1967; membro da Sociedade Europeia de Cultura desde 1967; convidado para fazer parte da Alliance Française como seu vice-presidente honorário a partir de 1967.
Além da filiação a instituições académicas, Guilherme Braga da Cruz foi membro de diversas comissões organizadoras ou executivas de encontros científicos, dando provas das suas excecionais capacidades de organização. Destaca-se o Congresso Comemorativo do IV Centenário do Nascimento de Francisco Suárez (1948), homenagem a José Alberto dos Reis (1955), III Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros (1957), IV Centenário da Universidade de Évora (1959), homenagem póstuma a Fernando Andrade Pires de Lima (1971) e VII Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros (1972).
Participante em encontros científicos repartidos entre Portugal, Espanha, França e Brasil, nos quais teve uma participação mais ativa ou mais passiva e, enquanto investigador da história do direito, Guilherme Braga da Cruz apresentou e publicou diversos estudos, dos quais se elencam apenas alguns: "O problema da sucessão dos ascendentes no antigo direito grego", "Direito romano vulgar ocidental", "O jurisconsulto romano", "Formação histórica do moderno direito privado português e brasileiro", "A sucessão legítima no Código Euriciano", "Os pactos sucessórios no antigo direito português", "O Código de Napoleão na formação do moderno direito civil português", "O movimento abolicionista e a abolição da pena de morte em Portugal (Resenha histórica)", "O direito subsidiário na história do direito português" e "Relação do latim com o Direito".
O labor científico de Guilherme Braga da Cruz foi coroado na academia pela atribuição de doutoramentos “honoris-causa” pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, em 1964, e pela Faculdade de Direito da Universidade de Navarra, em 1967.
Dada a sólida preparação jurídica de Guilherme Braga da Cruz, especialmente no que diz respeito à preparação em história do direito e em assuntos relacionados com a evolução do instituto familiar, a sua colaboração foi requerida em dois momentos preponderantes da história de Portugal no século XX. Foi membro da Comissão Redatora do Novo Código Civil entre 1954 e 1966, sendo responsável por elaborar diversos estudos preparatórios do Livro IV, respeitante ao direito da Família. No seguimento desta colaboração, ficou também responsável da presidência da Comissão de Divulgação do Novo Código Civil. Em virtude da dedicação à obra do Novo Código Civil português, Guilherme Braga da Cruz foi agraciado com a Ordem Militar de Cristo, pelo chefe de Estado em 1967.
Entre 1958-1959 foi advogado de Portugal no litígio entre Portugal e a União Indiana, acerca do território de Damão e dos enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli, tendo sido encarregado de analisar as fontes luso-indianas do Período Marata (1939-1818) e de redigir o parecer “Direito de passagem sobre território indiano. (Portugal c. Índia). O período marata (1739-1818). Parecer complementar. (Confronto entre a ‘Preliminary Objection’ e o ‘Contra-Memorial’ do Governo da Índia; e apreciação dos factos agora alegados pela primeira vez)”, além das exposições que preparou para serem lidas no Tribunal Internacional de Justiça da Haia. Este trabalho fê-lo gratuitamente.
Os seus préstimos foram outras vezes requisitados, embora com pouca expressão na totalidade das suas funções. Relatou outros pareceres, relatórios, estudos críticos, regulamentos e projetos legislativos, sendo de ressalvar o parecer que emitiu em 1965 a pedido do bispo da Beira, D. Sebastião Soares de Resende, a propósito da suspensão do jornal “Diário de Moçambique”, no qual denunciou o abuso de autoridade, que punha em causa os acordos vigentes acerca da liberdade religiosa.
Em termos políticos, Guilherme Braga da Cruz foi um tradicionalista, defensor da transmissão hereditária do poder político. Monárquico por tradição familiar e convicção própria, assumiu funções relevantes em organismos monárquicos. Assinale-se a sua qualidade de membro da Junta Diretiva da Causa Monárquica e presidente da sua Junta Distrital em Coimbra, foi único consultor jurídico das quatro comissões do Conselho de Nobreza, membro do Conselho de Lugar-tenência e, entre 1963-1965, lugar-tenente de D. Duarte Nuno, duque de Bragança, com quem, aliás, manteve uma relação de estreita amizade.
Além destas funções exercidas no campo político-ideológico monárquico, Guilherme Braga da Cruz exerceu, por convite ou nomeação, funções em outros organismos de natureza política, limitando-se a dar a sua “colaboração técnica”. No serviço à juventude, foi diretor do Centro Universitário de Devido ao seu posicionamento e ao seu perfil pessoal, foi convidado para secretário-geral do III Congresso da União Nacional, decorrido em Coimbra, e presidente indigitado da IV Secção do IV Congresso da União Nacional, função que acabou por recusar, por indicação dos corpos dirigentes monárquicos. Foi procurador à Câmara Corporativa na qual relatou pareceres importantes como "Assistência aos Funcionários Civis Tuberculosos", "Plano de Formação Social e Corporativa", "Organizações circum-escolares" e "Alterações ao Código Administrativo". Foi também membro da Comissão Portuguesa do Atlântico e vogal da Junta Nacional de Educação, na qual relatou pareceres onde expôs as suas ideias para a projetada reforma do sistema de ensino, em confronto aberto com as políticas governamentais da época.
Guilherme Braga da Cruz teve também atividades no campo empresarial, desde acionista a presidente de Conselhos Fiscais, presidente de Assembleias Gerais e presidente de Conselhos de Direção. A parca existência de documentos produzidos por Guilherme Braga da Cruz neste contexto permitirão supor que a relação com o tecido empresarial terá tido na sua vida um espaço reduzido.
Homem profundamente católico, Guilherme Braga da Cruz pautou a sua vida pelo exercício da caridade cristã, seja pela ajuda prestada a quem a ele acorria, como se constata a partir da sua correspondência, seja pela filiação a instituições católicas. Já foram enunciadas as ligações de Guilherme Braga da Cruz a organismos católicos nos tempos de estudante em Coimbra, é de referir a sua vinculação na qualidade de irmão a Santas Casas da Misericórdia, confrarias e irmandades, comunhão com o caminho de santidade proposto pelo Opus Dei, tendo sido seu cooperador, cavaleiro da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, membro da Comissão Nacional dos Congressos Eucarísticos, sócio efetivo da Associação dos Jurisconsultos Católicos, membro do Conselho Superior da Universidade Católica Portuguesa, sócio fundador e presidente da Assembleia Geral do Círculo de Estudos Sociais Vector e membro da Comissão Luso-espanhola de Estudo Crítico da História de Fátima.
Além destas atividades, Guilherme Braga da Cruz marcou posição no campo doutrinário, pelos diversos textos que escreveu e defendeu diante de variadas assembleias católicas. Identifique-se os textos modelares como: "Bases sociológicas, morais e jurídicas duma concepção cristã do trabalho" (1949), "Direitos e deveres do Estado na Educação" (1952), "A sociedade familiar, segundo a doutrina da Igreja" (1954), "Direitos da família da Igreja e do Estado na educação" (1955), "Sentido cristão duma homenagem. Discurso proferido na sessão solene comemorativa do 25º aniversário da ascensão de Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Dom António Bento Martins Júnior ao sólio primacial bracarense (Braga - 17 de Novembro de 1957)", "O Sameiro, à luz dos dogmas comemorados na sua fundação (Imaculada Conceição e infabilidade pontifícia)" (1964) e "Ordem Cristã - seus aspectos social e jurídico" (1966).
Guilherme Braga da Cruz manteve relações epistolares com a hierarquia eclesiástica, como Josemaria Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei, Pedro Abellán, procurador-geral da Companhia de Jesus, os núncios apostólicos em Portugal, Maximilien de Furstenberg e Fernando Cento, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, D. Ernesto Sena de Oliveira, D. António Ferreira Gomes, D. Eurico Dias Nogueira, entre outros.
E ao cabo de uma vida curta mas intensa, deixou inacabados diversos trabalhos e projetos de investigação que preparava, ao morrer prematuramente a 11 de março de 1977, no Porto, foi sepultado no cemitério de Tadim, paredes meias com o Casal do Assento, casa paterna e outrora refúgio de vigílias para a preparação de trabalhos.

Person · 1905-05-17 - 2005-02-17

Maria de Jesus Atalaya nasceu em Portalegre em 17 de maio de 1905 e faleceu em Lisboa a 17 de fevereiro de 2005, depois de prolongada doença. Em Santarém foi desde sempre muito dedicada ao serviço da Igreja, exercendo funções no Secretariado da Paróquia de Marvila, como catequista, presidente do Apostolado da Oração e da Cruzada Eucarística. Esta dedicação foi reconhecida pelo cardeal Cerejeira, com quem falava muitas vezes e que a chamou para o serviço do Santuário. Entre 1960 a 1993, teve naquele contexto a seu cargo a administração da capela elaborando os registos contabilísticos e organizando o arquivo. Dedicou-se ao acolhimento e assistência aos peregrinos, ao apoio a celebrações litúrgicas e à animação das devoções ao Sagrado Coração de Jesus. Foi presidente, secretária e tesoureira do Centro do Apostolado da Oração no Santuário (1960-1993). Por sua iniciativa constituiu uma biblioteca, com empréstimo domiciliário, para uso dos fiéis, com os seus próprios livros e outros oferecidos por diversas pessoas. Os livros foram catalogados, cotados e munidos de capas plásticas. Viveu em Almada na Av. D. Nuno Álvares Pereira, nº 16, 1º Dir.
Na ausência de capelães ao serviço do Santuário por vários períodos e com os reitores acumulando funções no Seminário de S. Paulo, a sua ação foi muito importante para manter viva a espiritualidade própria do Santuário e o acolhimento aos peregrinos.

Margarida Aguiar
MA · Person · 1936-

Frequentou o ISSS-L entre 1955 e 1960. A partir desse ano e até 1991, ano em que se reformou, foi assistente social na CUF.

Isabel Geada
IG · Person · 1929-

Terminou o curso de assistente social no ISSS-L em 1950. Trabalhou na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Publicou monografia sobre o seu percurso profissional (ed. de autor).

Isabel Vale
IV · Person · 1939-

Formada em Serviço Social pelo Instituto de Serviço Social (Lisboa). Foi Assistente Social no Centro de Ação Laboral de Benfica - CALB e nos Serviços Sociais da Universidade Católica Portuguesa, instituição onde também lecionou (c. de 2000).

MTA · Person · 1937-

Entre 1956-1960 frequentou o Instituto de Serviço Social (ISSS-L), tendo continuado a sua formação com cursos de especialização (entre 1965-1966 - Curso de Serviço Social de Comunidades, ISSS-L (6 meses), 1966 os cursos de Introdução à Supervisão (1 mês), ISSS-L e de Prática da Supervisão (3 meses), ISSS-L; em 1967 – Curso de Serviço Social de Caso (6 meses), ISSS-L e em 1973 – Curso de Pós-Graduação em Serviço Social, na Pontifícia Universidade Católica de S. Paulo. A sua experiência profissional foi vasta: em 1962 foi Directora do Centro Social Paroquial de Santo Eugénio no Bairro da Encarnação; entre 1964 – 1966 – Centro Social da Bempostinha, orientação de grupos de crianças, adolescentes e famílias; de 1966 – 1968 – Directora do Centro Paroquial de Santo Estêvão de Alfama; seguido de 1968 – 1969 – Chefia da equipe de Serviço Social junto do Consulado de Portugal em Paris; em 1967 – 1970 – Delegada dos Supervisores do ISSSL ao Conselho Escolar do mesmo Instituto; 1970 – 1972 – Técnica de Formação de Pessoal no Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Pessoal (CFAP) da Direcção Geral de Assistência Social, onde desempenhou tarefas de planeamento, organização e programação dos Cursos, estágios para Professores do Ensino Especial de Deficientes Visuais. Desempenhou ainda entre 1970 – 1973 o cargo de Vice-Presidente da Direcção do Sindicato Nacional dos Profissionais de Serviço Social, onde foi responsável pelo programa de regionalização e pelo serviço internacional, e em 1974 – Organização e Monitorização dos Cursos de Especialização para Professores de Deficientes Visuais, auditivos e motores, na Divisão de Ensino Especial do Ministério da Educação Nacional.
1974 – 1975 – Funcionária no Serviço de Acção Social Directa do Instituto da Família e Acção Social, S. Miguel – Açores. Criação da primeira creche para funcionários públicos em Ponta Delgada e Centro de Convívio de Idosos (Centro de Dia) de Rabo de Peixe.
1975 – Serviço de Acção Directa de Cascais do Instituto da Família e Acção Social
1978 – Coordenadora do Serviço de Acção Directa de Cascais
1980 – 1986 – Coordenadora do Núcleo Territorial de Cascais do Centro Regional de Segurança Social de Lisboa
1987 – Chefe de Divisão da delegação de Cascais do Centro Regional de Segurança Social de Lisboa
1987 – 1989 – Directora Técnica do projecto Nova Esperança da Galiza, integrado no Grupo Temático “Migrantes, Minorias Étnicas e Refugiados” do II Programa Europeu de Luta Contra a Pobreza da Comunidade Económica Europeia
1989 – Delegada do Centro Regional de Segurança Social de Lisboa em Oeiras
1990 – Chefe de Divisão na Direcção de Equipamentos Sociais Oficiais
1992 – Presidente da Associação dos Profissionais de Serviço Social
1992 – Eleita para o Comité de Liaison da Federação Internacional de Assistentes Sociais (FIAS) com a Comunidade Europeia; Eleita para o Comité Executivo da Região da Europa da FIAS
1995 – Presidência do Comité Organizador do Seminário Europeu da FIAS
1996 – 2004 – Destacada para o Grupo de Apoio Técnico à Comissão Permanente de Acolhimento e Inserção Social da Comunidade Timorense, até à extinção da comissão, data em que se reformou. MariaTeresa Abrantes viu o seu pedido de bolsa ao Instituto de Alta Cultura ser recusado e sai do país, viajando para o Brasil a fim de frequentar o mestrado na Faculdade de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.Quando regressa a Portugal, contribui para a divulgação de autores do Movimento de Reconceitualização do Serviço Social latino-americano, sobretudo do Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.

Acácio Ferreira Catarino
AFC · Person · 1935-2021

Acácio Catarino (Acácio Ferreira Catarino) nasceu na Benedita (Alcobaça, Distrito de Leira) em 1935. Foi presidente da Cáritas Portuguesa entre 1982 e 1999. Diplomado em Política Social, pelo Instituto de Estudos Sociais (IES), antecessor do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), onde viria a concluir a licenciatura em Sociologia. Em ambas as instituições, ensinaria Economia do Trabalho, e, já nos anos 1990, Admnistração Social, no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, e Serviço Social e Desenvolvimento Local, na Universidade Católica Portuguesa. Depois de empregos de curta duração (Obra do Ardina, CTT e na Caixa Geral de Depósitos), no final da década de 1950, foi admitido como aspirante e, depois, como 3.º oficial na Direção-Geral da Contabilidade Pública (1961-1965). Em 1965, ingressa no Ministério das Corporações (posteriormente Ministério do Trabalho), onde fará a sua carreira profissional (no Ministério da Educação, foi membro da Equipa-Piloto para o Planeamento da Investigação Científica e Técnica em Relação com o Desenvolvimento Económico, 1966-1968). No Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra (1965-1971), no Serviço Nacional de Emprego (1971-1974), onde foi diretor-adjunto e diretor-interino, na Direção-Geral de Promoção do Emprego (1974-1978), onde ascendeu ao posto de assessor principal. Em 1978 é diretor de serviços de Promoção de Emprego; de 1983 a 1991 é, primeiro, vice-presidente e, depois, presidente da Comissão Interministerial para o Emprego; de 1991 a 1993, diretor-geral do Emprego e Formação Profissional; entre 1993 e 1994, preside à Comissão Executiva do Instituto do Emprego e Formação Profissional. Representou o Ministério do Trabalho em sessões da Conferência Internacional do Trabalho (da Organização Internacional do Trabalho, da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), na Comissão Europeia. A sua atividade política, em funções executivas, começou logo após 1974, como chefe de Gabinete do Ministro dos Assuntos Sociais (Mário Murteira), do I Governo Provisório, chefiado por Palma Carlos. Em 1978, seria nomeado secretário de Estado da População e Emprego, no Governo de Nobre da Costa. Entre 2001 e 2006, seria consultor da Casa Civil do Presidente da República, Jorge Sampaio. A sua carreira cívica é vasta, abrangendo diversas organizações, em muitos casos com cargos nos corpos sociais: Associação Barafunda, Instituto Nossa Senhora da Encarnação – Cooperativa de Ensino e Cultura (ambos na Benedita), Centro de Educação Especial, Reabilitação e Integração de Alcobaça, Santa Casa da Misericórdia da Amadora, Fundação João XXXIII (Ribamar, Lourinhã), Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, Santa Casa da Misericórdia de Benedita, Comissão Nacional Justiça e Paz, Centro de Estudos da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade. Presidiu à Comissão Coordenadora Nacional das Semanas Sociais, desde 1991. Colaborou no Jornal de Notícias e em diferentes títulos da imprensa regional, sobretudo em O Almonda (Torres Novas), Correio do Vouga (Aveiro), Distrito de Portalegre, Alcoa (Alcobaça) e Grito Rural. Dispersas, as suas publicações abrangem problemas do emprego, educação, formação, desenvolvimento, segurança social, voluntariado ou ação social e pastoral social.

Maria Delfina Ruivo
MDR · Person · flor. 1974-

Assistente social, Maria Delfina Ruivo (Maria Delfina da Cruz de Sousa Ruivo) assume funções na Cáritas Portuguesa como vogal da Comissão Central em 3 de novembro de 1974. Num período conturbado, Hermann Leça da Veiga mantinha o cargo de presidente e José Mendes Serrazina tinha sido nomeado assistente interino em 20 de setembro. As funções dirigentes de Maria Delfina Ruivo, que já eram exercidas na Cáritas Diocesana de Lisboa, manter-se-iam em 1976. A gestão do Programa de Criação de Postos de Trabalho, o apoio prestado à transferência, em 1991, dos Lares Infante Santo e S. Tiago (Almada) para as Cáritas Diocesanas de Lisboa e de Setúbal, respetivamente, a coordenação dos Serviços Centrais seriam algumas das suas funções mais marcantes na Cáritas Portuguesa. Já nas décadas de 2000 ou 2010, assumiria o tratamento do acervo histórico da organização. A par da relevância dos textos por si produzidos para enquadramento da Cáritas Portuguesa ao longo do tempo, também se destacam os índices, por si elaborados, de processos de crianças acolhidas em Portugal e de processos de concessão de crédito para criação de postos de trabalho. Estes últimos constituem importantes instrumentos de descrição legados ao Arquivo Histórico da Cáritas Portuguesa.

António da Silva Leite
ASL · Person · 1759-05-23 - 1833-01-10

Foi um compositor, professor, escritor e organista portuense. Foi diretor musical do Real Teatro de São João. Mestre de Capela da Santa Sé do Porto. Examinador de cantochão do Bispado do Porto. Ocupou posições de mestre de música e compositor dos mais importantes conventos femininos da cidade, como por exemplo, o Convento de Santa Clara e o Convento de São Bento Ave Maria.

B · Corporate body · 1707-00-00 a -

A Igreja e Sacristia da Irmandade dos Clérigos do Porto constituía o sector orgânico central à vida religiosa da Irmandade. De facto, até à instituição do Coro dos Clérigos em 1762, era a Igreja e Sacristia que congregava a realização de todos os actos de culto da Irmandade.
A principal figura deste sector era o Tesoureiro da Igreja e da Sacristia, que deveria ser um Irmão presbítero, com as seguintes características: dar um bom exemplo, ser de consciência, recolhimento e reconhecido asseio. O Tesoureiro da Igreja era nomeado pela Mesa e estava encarregado de zelar e velar por tudo o que pertencia e dizia respeito ao culto divino. Com a formação do Coro em 1762, esta figura passou a desempenhar funções em ambos os sectores, tal como se declara no Capítulo 9.º, § 1.º, fls. 14 a 15 dos Estatutos do Coro de 1782: «Posto que o Thezoureiro da Sachristia não pertença absolutamente as obrigaçoens do Coro, se não ao todo da Igreja, com tudo tem alguas dependencias que se embaração com elle (…)». Para além da sua actuação no funcionamento do Coro e da Igreja, o Tesoureiro da Sacristia poderia ainda ser aprovado para confessar e acumular vários cargos, nomeadamente o de cartorário da Irmandade (Capítulo 12.º, Artigo n.º 91, fl. 18 do Regulamento do Coro do séc. XX) e, após 1762, o de Capelão do Coro.
Do ponto de vista da produção documental, o Tesoureiro da Igreja e da Sacristia era responsável pelo livro dos assentos das pessoas sepultadas na Igreja; no final de cada ano deveria realizar um rol descritivo dos bens que lhe foram entregues no início do desempenho das funções e daqueles que restavam; e estava ainda encarregado de receber da mão do Secretário o pagamento do serviço religioso, que deveria fazer distribuir pelos capelães. No que diz respeito às funções relacionadas com o culto divino, destacam-se as seguintes tarefas: fazer a exposição do Santíssimo Sacramento; ver as licenças dos sacerdotes que quisessem exercer ordens na Igreja da Irmandade; mandar abrir as portas da Igreja e tocar os sinos; acender as velas necessárias para os diversos actos do culto; preparar na Sacristia tudo o que fosse necessário para os diversos actos de culto e fazer conservar em boa ordem, arrumados e limpos, todos os paramentos e alfaias da Irmandade. O Tesoureiro da Igreja deveria ser uma presença constante na mesma e não poderia ausentar-se sem licença e só quando devidamente substituído por um sacerdote responsável, que ficasse encarregado das suas atribuições. Esta obrigação de permanência no local tornava-o numa figura importante da vida da Irmandade, pelo que estava encarregado de manter todos os empregados inferiores no cumprimento exacto de todas as suas obrigações. Podia ainda, com a concordância da Mesa, nomear e despedir os Meninos do Coro, que ficavam sob a sua dependência e, por tal, deveriam igualmente prestar assistência aos actos do culto da Sacristia.
De forma a cumprir as suas funções, o Tesoureiro da Igreja e da Sacristia dispunha de um ajudante - que deveria estar sujeito a um regulamento especial -, nomeado pela Mesa sob proposta do Tesoureiro. Contava igualmente com o apoio de pessoal menor e trabalhadores remunerados, tal como o sineiro; o porteiro; os coveiros que abriam sepulturas; os armadores; assim como a da lavadeira e brunideira, no que dizia respeito à manutenção da limpeza e asseio dos bens da Sacristia. Deste pessoal auxiliar destaca-se a figura do porteiro, que embora devesse obedecer em primeiro lugar à Mesa e ao Secretário, cumpria igualmente ordens do Tesoureiro da Igreja e da Sacristia. Neste sector tinha tarefas de apoio à limpeza, de colocar água nas pias e de manter afastadas pessoas estranhas à vida quotidiana da Irmandade, sobretudo da parte da noite.
Esta secção engloba documentação que se relaciona com o funcionamento da Igreja e Sacristia da Irmandade dos Clérigos do Porto, tanto do ponto de vista dos ritos religiosos aí celebrados, como da administração financeira da Igreja. Entre esta documentação destacam-se os livros de registo das missas celebradas por alma dos Irmãos; as certidões de missas; assentos de termos de sepultura de fiéis e Irmãos; assim como a documentação de registo das despesas com a Igreja e Sacristia da Irmandade. Esta secção é constituída igualmente por documentação relativa aos diversos altares e devoções religiosas praticadas na Igreja da Irmandade dos Clérigos do Porto, como é o caso da Senhora da Lapa, Senhora das Dores, Santo André e aos padroeiros da Irmandade.